Autores Gênero e Número: Giulliana Bianconi Natália Leão Marília Ferrari AUTORAS E ORGANIZAÇÕES REALIZADORAS DA PESQUISA SOF: Helena Zelic Thandara Santos Renata Moreno
No momento desta pesquisa, em pleno isolamento social
no Brasil, 53% das mulheres afirmaram seguir trabalhando a
partir de casa com manutenção do salário. Para 8% delas, o
trabalho à distância havia se tornado inviável, não podia mais
ser realizado naquele contexto, embora também seguissem
sendo remuneradas. As que tiveram prejuízo de renda e agora
estavam em casa sem trabalho remunerado somaram quase
16% de todas as entrevistadas: sem dúvida, um alerta sobre
o impacto da crise na renda familiar e na sustentação das
casas, sinalizado desde o início por economistas e confirmado
em dados dessa pesquisa e nos relatos das mulheres.
Embora renda seja um direito, esta pesquisa mostra que
há uma dinâmica de sustentação das casas brasileiras onde o
trabalho delas realizado a partir do domicílio, seja como donas
de casa ou incluindo alguma remuneração, é muito presente.
Essas mulheres são 23% na pesquisa, e afirmam que “a situação de trabalho se mantém porque já trabalhavam de casa
ou eram donas de casa”.
Se o impacto da pandemia do coronavírus no acesso à renda
pelas mulheres depende em parte do tipo de atividade realizada
e das relações de trabalho pré-estabelecidas, há algo inerente
a esse momento: uma alta percepção do risco. A leitura de que
há a possibilidade de gastos essenciais não serem cobertos por
conta do contexto de crise e isolamento social é feita por 40%
das mulheres, a maioria delas negra (22%).
Comentários deixados pelas entrevistadas ao final da
pesquisa observam a necessidade de considerar que estavam
trabalhando em casa, porém que sua renda havia diminuído,
chamando a atenção para os impactos da Medida Provisória
936 em suas vidas.
“Eu estou fazendo isolamento e trabalhando de casa, porém
minha renda despencou.”
“A empresa reduziu o pagamento a apenas 50% sem reduzir
a jornada (minha situação é informal) e isso me força a reorganizar a vida financeira, porque acabo tendo ainda mais
gastos com mercado, energia, etc.”
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